Ambani a favor de leilão em confronto de internet via satélite com Musk
A Reliance, do bilionário indiano Mukesh Ambani, argumentou que o regulador de telecomunicações concluiu incorretamente que o espectro de banda larga de satélite doméstico deveria ser alocado e não leiloado, mostra uma carta vista pela Reuters, intensificando um confronto com o Starlink de Elon Musk.
A metodologia de distribuição de espectro para serviços de satélite na Índia – um mercado que deverá crescer 36% ao ano e atingir 1,9 mil milhões de dólares até 2030, segundo a Deloitte – tem sido uma questão controversa desde o ano passado.
A Starlink de Musk e pares globais como o Project Kuiper da Amazon apoiam uma alocação administrativa, enquanto Ambani – o homem mais rico da Ásia que dirige a Reliance Jio da Índia – defende um processo de leilão.
A disputa atual gira em torno de uma interpretação da lei indiana que, segundo alguns profissionais da indústria, abriu caminho para a alocação de espectro no ano passado, como Musk queria.
Mas a Reliance argumenta que não existem disposições para serviços de banda larga via satélite para usuários individuais ou domésticos, disseram fontes da indústria no domingo.
O regulador das telecomunicações, TRAI, está a realizar uma consulta pública, mas a Reliance, numa carta privada de 10 de Outubro vista pela Reuters, pediu que o processo fosse reiniciado, uma vez que o órgão de fiscalização “interpretou preventivamente” que a alocação é o caminho a seguir.
“A TRAI parece ter concluído, sem qualquer base, que a atribuição do espectro deveria ser administrativa”, escreveu Kapoor Singh Guliani, alto funcionário de assuntos regulatórios da Reliance, na carta ao ministro das telecomunicações da Índia, Jyotiraditya Scindia.
CAMPO DE JOGO NIVELADO
A TRAI indicou em seu documento de consulta que as leis indianas determinam a alocação de espectro para tais serviços sem realizar quaisquer estudos, acrescentou a Reliance em sua carta.
“Solicitamos (ao) TRAI que altere o documento de consulta” para garantir condições de concorrência equitativas, disse Reliance Jio em comunicado à Reuters no domingo, acrescentando que “é imperativo que o TRAI também consulte sobre a metodologia de atribuição” de espectro.
Um alto funcionário da TRAI disse no domingo que o devido processo está sendo seguido e a Reliance é bem-vinda para compartilhar comentários durante o período de consulta.
As recomendações do órgão de fiscalização constituirão a base para a decisão do governo sobre o assunto.
O chefe da Tesla, Musk, está ansioso para lançar o Starlink na Índia, embora uma decisão final sobre a alocação de espectro continue sendo um ponto de discórdia.
Starlink argumenta que a atribuição administrativa de licenças está em linha com uma tendência global. A Reliance diz que um leilão é necessário para condições de concorrência equitativas, já que os players estrangeiros poderiam oferecer serviços de voz e dados e competir com os players tradicionais, informou a Reuters.
Jio, da Reliance, é o principal player de telecomunicações da Índia, com 480 milhões de usuários.