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Pais são proibidos de batizar bebê com nome de figura histórica por medo de bullying

Um tribunal disse a um casal brasileiro que eles não poderiam dar ao seu recém-nascido o nome de um antigo rei por medo de que a criança pudesse sofrer bullying.

Danillo Prímola e sua esposa Catarina Prímola, de Belo Horizonte, planejaram dar ao filho o nome de Piyé, em homenagem ao primeiro faraó negro egípcio.

Mas as autoridades achavam que a criança seria submetida a bullying no futuro, já que a pronúncia do nome é semelhante à de uma palavra portuguesa para um passo de dança de balé. O nome é escrito de forma diferente em português, e no papel lê-se ‘Piié’.

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais inicialmente impediu que os pais registrassem o nome, mas na sexta-feira um juiz voltou atrás na decisão.

Danillo Prímola e sua esposa Catarina Prímola, de Belo Horizonte, planejavam dar ao filho o nome de Piyé, em homenagem ao primeiro faraó negro egípcio

Danillo Prímola e sua esposa Catarina Prímola posam com a certidão de nascimento do filho

Danillo Prímola e sua esposa Catarina Prímola posam com a certidão de nascimento do filho

O casal deu as boas-vindas ao primeiro filho em 31 de agosto, mas já havia escolhido o nome em homenagem ao rei cuxita e fundador da 25ª dinastia do Egito.

Eles decidiram o nome depois de ouvir a música tema do carnaval de 2023 enquanto trabalhavam na coreografia da Escola de Samba Acadêmicos de Venda Nova.

“Havia uma palavra ali que falava sobre o faraó negro”, disse Danillo Prímola. “Fomos pesquisar como era e encontramos a história de Piiê, que era um guerreiro núbio que lutou e conquistou o Egito e se tornou o primeiro faraó negro.”

Eles escolheram dar ao filho o nome de Piyé devido à importância de manter um vínculo com sua ancestralidade africana.

‘Recuperar nomes africanos é uma maneira poderosa de dar uma nova narrativa à história dos negros’, disse Danillo Prímola. ‘Temos o direito de educar nossos filhos com essa força, essa cultura e de uma forma que eles tenham representação em seu nome.’

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais inicialmente se posicionou a favor do cartório de registro de Belo Horizonte, proibindo a nomenclatura porque não poderia “registrar prenomes que pudessem expor seus portadores ao ridículo”.

O nome do menino é escrito em português como 'Piié'

O nome do menino é escrito em português como ‘Piié’

Camila Prímola e seu marido Danillo Prímola escolheram o nome para manter um vínculo com sua ascendência africana.

Camila Prímola e seu marido Danillo Prímola escolheram o nome para manter um vínculo com sua ascendência africana.

Piyé foi o primeiro faraó negro egípcio e governou o Egito de 744-714 a.C.

Piyé foi o primeiro faraó negro egípcio e governou o Egito de 744-714 a.C.

Em sua decisão, o tribunal disse que a pronúncia do nome do faraó é semelhante à da palavra portuguesa “plié”, que é um passo de dança de balé.

‘Por isso, a sonoridade e a grafia do nome foram preponderantes para a rejeição’, disse o Tribunal de Justiça de Minas Gerais, ‘pois seriam capazes de causar constrangimentos futuros à criança’.

‘Sabemos que o bullying não pode ser combatido proibindo-o, nem pode ser combatido pela opressão’, disse Danillo Prímola. ‘O bullying pode ser combatido estudando e trabalhando a ignorância da sociedade como um todo.’

A batalha judicial atrasou o bebê de receber as vacinas necessárias.

Ele também se atrasou para um exame que é realizado quando o recém-nascido tem cerca de cinco dias para detectar condições raras, porém graves.

Camila Prímola estava originalmente programada para entrar em trabalho de parto em 19 de setembro.

Ela perdeu uma gravidez em 2020 e descobriu no início deste ano que estava esperando o primeiro filho do casal, disse Danillo Prímola.

‘E foi eufórico. Já estava planejado, era algo que queríamos’, disse ele. ‘E enquanto isso, aprendemos sobre a história do faraó, que foi um grande líder negro.’

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