Netanyahu abriu as portas ao envolvimento da Autoridade Palestiniana em Gaza
O primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu abriu as portas, ainda que em privado, ao envolvimento da Autoridade Palestiniana na administração de Gaza depois do fim da guerra, segundo o jornal israelita O Tempo de Israel.
A aparente mudança da posição do Governo israelita surge após meses de recusa em admitir qualquer envolvimento da Autoridade Palestiniana nos planos do Governo de Israel para a gestão do território depois do fim da invasão do país, assim como qualquer existência de um estado palestiniano na Faixa de Gaza.
Em público, Netanyahu afirmou à televisão israelita Channel 14 que “não estava preparado para entregar Gaza à Autoridade Palestiniana”, mas que tinha a intenção de estabelecer uma “administração civil, se possível com palestinianos locais e apoio de países da região”.
Segundo três funcionários próximos do assunto, o gabinete de Netanyahu concluiu que a melhor forma de gerir os assuntos civis em Gaza envolvendo “palestinianos locais” seria recorrendo à Autoridade Palestiniana, incluindo, segundo dois dos funcionários que falaram ao Tempos de Israelhabitantes de Gaza ligados à Autoridade e que fizeram parte da administração da Faixa antes da tomada do controlo da região pelo Hamas, em 2007.
A ideia de um estado palestiniano tem sido veementemente rejeitada dentro do Governo liderado por Netanyahu. Bezalel Smotrich, ministro das Finanças, afirmou na semana passada que era a sua “missão de vida impedir a criação de um estado palestiniano”.
Segundo o Financial Timeso exército israelita iria começar a testar a criação de “enclaves humanitários” em algumas zonas de Gaza que entregaria certos aspectos da administração dessas zonas para a Autoridade Palestiniana e estados árabes “moderados”, algo que se enquadra neste plano para o pós-guerra na região.
Oito mortos em bombardeamentos israelitas no sul de Gaza
Oito palestinianos foram mortos por bombardeamentos israelitas em várias áreas das cidades de Rafah e Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, segundo a Reuters. Os ataques, segundo a agência, que cita fontes do Ministério da Saúde de Gaza, levaram à fuga de milhares de pessoas da zona.
Os bombardeamentos surgiram após uma nova ordem israelita de evacuação da zona, que muitos não conseguiram cumprir por afirmarem não ter para onde ir.
“Sempre que as pessoas regressam às suas casas e começam a reconstruir parte das suas vidas, mesmo sobre os escombros das suas casas, a ocupação envia os tanques para destruir o que resta”, contou um habitante da região à Reuters.
A agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos, a UNRWA, criticou a ordem de evacuação da cidade de Khan Younis emitida pelo exército israelita, afirmando que estimava que 250 mil pessoas enfrentassem “um deslocamento forçado”, ainda que “não haja nenhum lugar seguro em Gaza”, escreveu a agência na rede social X.
Segundo os últimos dados do Ministério da Saúde de Gaza, quase 38 mil pessoas foram mortas em Gaza desde o dia 7 de Outubro, data do reacender das hostilidades com o ataque do Hamas a Israel. Nas últimas 24 horas, afirma o ministério, 25 palestinianos foram mortos e 81 foram feridos.